A cafeína além de ser o estimulante mais consumido em todo o mundo, é também uma das substâncias químicas mais viciantes aos seres humanos. Exatamente por provocar dependência, isso é, vontade de consumi-la mais, a cafeína é utilizada industrialmente em diversos produtos como refrigerantes (Coca Cola, Pepsi Cola, guaranás diversos), bebidas energéticas (Red Bull, Flash Power, TNT Energy Drink, etc), diversos chocolates, remédios para dor de cabeça, alguns tipos de balas, chás, guaraná em pó e, é claro, no café.
Sua dose letal é de cerca de 10 gramas, algo em torno de 100 xícaras de café, algo impensável de ser ingerido por uma pessoa em um dia. A cafeína é um dos três principais alcalóides do grupo das xantinas (os outros são a teofilina encontrada nos chás e a teobromina encontrada no cacau). As xantinas são substâncias capazes de estimular o sistema nervoso, produzindo um estado de alerta de curta duração. Além de atuar sobre o sistema nervoso central, a cafeína aumenta a produção de suco gástrico. Sem nenhum valor nutricional ao organismo, sua principal função é bloquear a ação natural de um componente químico do cérebro (adenosina), associado ao sono. Bloqueando a adenosina, aumenta a excitação dos neurônios. A adenosina naturalmente dilata os vasos sanguíneos do cérebro, já a cafeína faz o contrário: os vasos sanguíneos se contraem. Por ‘fechar’ esses vasos que a cafeína é um dos componentes de alguns remédios para dor de cabeça.
Essa operação faz com que o organismo produza mais adrenalina, aumentando a freqüência cardíaca, concentrando o fluxo sanguíneo nos órgãos internos, dilatando a pupila, exatamente como o organismo faz quando se prepara para enfrentar uma situação de perigo.
Assim como as anfetaminas e a cocaína, a cafeína também aumenta os níveis de dopamina no cérebro, um neurotransmissor que ativa o centro de prazer em certas partes do cérebro. Sua meia-vida no organismo é de cerca de seis horas, o que significa que, tomar uma xícara de café (que tem mais ou menos 100 mg de cafeína), as oito da manhã, faz com que as duas da tarde ainda restem 50 mg de cafeína no organismo.
É muito comum as pessoas consumirem uma xícara de café depois do almoço para espantar a sonolência causada por uma pesada refeição, lá pelas duas da tarde. É bom saber que essa cafeína ingerida irá continuar agindo no organismo até as duas da manhã, o que pode afetar sensivelmente a qualidade do sono. Pessoas que ingerem doses excessivas de café costumam apresentar sono pouco reparador, agitado, ou até mesmo sentir a falta dele, a insônia.
Baixa qualidade do sono faz com que a pessoa fique sonolenta o dia inteiro. Qual a maneira de afastar a sonolência? Ingerindo mais cafeína. Está feito o círculo vicioso.
Bebidas energéticas geralmente apresentam maior quantidade de cafeína que uma xícara de café. Nos Estados Unidos há uma bebida energética chamada “Cocaine” que possui em sua fórmula 280 mg de cafeína, quase três xícaras de café por lata.
A ingestão de cafeína em grandes doses pode provocar efeitos negativos como irritabilidade, ansiedade, agitação, dores de cabeça, além de insônia crônica. Já a interrupção brusca no consumo, pode causar dores de cabeça, sonolência, irritabilidade, náuseas e vômitos. A cafeína não é aconselhada a quem apresente o menor sinal de arritmia cardíaca ou portadores de úlceras estomacais. Também é diurética, ou seja, aumenta a excreção urinária fazendo com que o organismo elimine mais água.
Viciados em cafeína costumam apresentar carência de ferro no organismo (uma das causas da anemia), já que uma xícara de café é capaz de reduzir a absorção ou aproveitamento de ferro pelo organismo em cerca de 30%.
Uma recente pesquisa realizada por psicólogos da Universidade de Durham, na Grã-Bretanha (http://bbc.in/1zSAYDS), concluiu que beber grandes quantidades de café (mais de sete xícaras de café instantâneo por dia), pode fazer com que uma sofra alucinações.
Os pesquisadores atribuem ao fato de que o café pode levar a um aumento da produção de um hormônio chamado cortisol, substância liberada no organismo em situações de tensão e estresse. Estudos mostraram que uma concentração mais alta de cortisol no organismo pode fazer com que uma pessoa escute vozes não existentes.
Quatro xícaras de café por dia aumentam em 80% a probabilidade de uma gestante ter um parto prematuro. Sete xícaras, triplica essa probabilidade.
Mas isso não quer dizer que se deve eliminar totalmente o café de sua vida. Em pequenas doses, o café pode até ser benéfico ao organismo, porque além da cafeína, o café possui cerca de 1000 outras substâncias.
Cientistas finlandeses e suecos divulgaram um relatório na revista médica Journal of Alzheimer’s Disease que afirma que o consumo de pequenas quantidades de café na idade adulta pode ser eficaz no combate à evolução da demência e do mal de Alzheimer na velhice. Os estudos ainda não são conclusivos. Os pesquisadores disseram que os resultados devem ser confirmados com outros estudos, para assim abrir a possibilidade da elaboração de uma dieta específica para combater o mal de Alzheimer.
Mas se não quer ter problemas, o ideal é não consumir mais de quatro xícaras por dia e prestar atenção se nas outras substâncias que consome durante o dia também não tem cafeína.